Várias datas relevantes de luta no âmbito da saúde são marcadas por cores. As campanhas, muitas envolvendo mobilização mundial, têm o intuito de trabalhar a prevenção e combate de doenças que acometem uma parcela considerável da população. Entre as mais conhecidas podemos citar o Agosto Dourado (Amamentação), Setembro Amarelo (prevenção ao suicídio) e o Outubro Rosa que está em evidência.
O Outubro Rosa é um movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama. Foi criado no início da década de 90 pela Fundação Susan G. Komen for the Cure. Tudo começou quando aconteceu a Primeira Corrida pela Cura, em Nova Iorque, e a instituição lançou o símbolo da campanha – o laço cor de rosa – que foi distribuído aos participantes. Desde então, o evento acontece anualmente na cidade.
Contudo, somente em 1997 é que entidades das cidades de Yuba e Lodi, também nos Estados Unidos, começaram a promover atividades voltadas ao diagnóstico e prevenção da doença, escolhendo o mês de outubro para concentrar as ações.
A data é celebrada anualmente, com o objetivo de compartilhar informações e promover a conscientização sobre a doença, proporcionar maior acesso aos serviços de diagnóstico e de tratamento e contribuir para a redução da mortalidade. O Instituto Nacional do Câncer (INCA) — que participa do movimento desde 2010 — promove eventos técnicos, debates e apresentações sobre o câncer da mama, assim como produz materiais e outros recursos educativos para disseminar informações sobre fatores protetores e detecção precoce da doença.
De acordo com o INCA, em 2020, mais de 2,3 milhões de mulheres, no mundo, descobriram que estavam com câncer de mama. Este é o tipo de tumor que mais acomete a população feminina brasileira e representa cerca de 24,5% de todos os tipos de neoplasias (tumores que ocorrem pelo crescimento anormal da quantidade de células) diagnosticadas.
E atenção, este é o câncer que mais mata. Com foco neste cenário, e com o objetivo de alertar as mulheres e a sociedade sobre a importância fundamental da prevenção e do diagnóstico precoce da doença, o Ministério da Saúde lançou, no dia 1º de outubro, a campanha do Outubro Rosa de 2021.
Números
Segundo o INCA, em 2020, cerca de oito mil casos de câncer de mama tiveram relação direta com fatores comportamentais, como consumo de bebidas alcoólicas, excesso de peso, não ter amamentado e inatividade física. Este número representa 13,1% dos 64 mil casos novos de câncer de mama em mulheres com 30 anos e mais, em todo o Brasil.
O estudo aponta, também, que o gasto para tratamento da doença no SUS passou de R$ 813 milhões em 2018.
Fatores de risco
Diversos fatores estão relacionados ao desenvolvimento do câncer da mama entre as mulheres, como: envelhecimento, determinantes relacionados à vida reprodutiva da mulher, histórico familiar de câncer de mama, consumo de álcool, excesso de peso, atividade física insuficiente e exposição à radiação ionizante.
Os principais fatores são:
- Obesidade e sobrepeso, após a menopausa;
- Atividade física insuficiente (menos de 150 minutos de atividade física moderada por semana);
- Consumo de bebida alcoólica;
- Exposição frequente a radiações ionizantes (Raios-X, tomografia computadorizada, mamografia etc.);
- História de tratamento prévio com radioterapia no tórax;
- Primeira menstruação (menarca) antes de 12 anos;
- Não ter filhos;
- Primeira gravidez após os 30 anos;
- Menopausa após os 55 anos;
- Uso de contraceptivos hormonais (estrogênio-progesterona);
- Terapia de reposição hormonal (estrogênio-progesterona), principalmente por mais de cinco anos;
- Histórico familiar de câncer de ovário; de câncer de mama em mulheres, principalmente antes dos 50 anos, e caso de câncer de mama em homem;
- Alteração genética, especialmente nos genes BRCA1 e BRCA2.
Vale ressaltar que a prática de atividade física pode ser extremamente eficiente quando o assunto é prevenção. E isto vale não somente para o câncer da mama, mas para outros tipos de câncer e diversas patologias que acometem homens e mulheres em diferentes fases da vida.
Mortalidade
Em 2019, o Brasil registrou 18.068 mortes por câncer de mama; o principal tipo da doença que leva mulheres a óbito. Projeções do INCA até 2030 apontam para a estabilidade das taxas de mortalidade entre 30 e 69 anos. Mas isso é um número ainda bem distante dos 30% de redução estabelecidos pela Organização das Nações Unidas. Uma das metas dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável até 2030 é reduzir em um terço das mortes prematuras por doenças crônicas não transmissíveis, entre elas, o câncer.
Exames e diagnóstico
O autoexame das mamas é o primeiro passo para detectar e prevenir o desenvolvimento do câncer da mama. Cerca de 80% dos tumores de mama são descobertos pelas próprias mulheres.
Caso perceba algum nódulo ou mudança na textura ou tamanho, procure um médico ginecologista. Ele realizará o exame clínico de mama e poderá solicitar exames complementares como:
- Mamografia (exame de rotina após os 40 anos);
- Exames de sangue;
- Radiografia de tórax;
- Tomografia computadorizada;
- Ressonância magnética;
- Ultrassonografia;
- Tomografia por emissão de pósitrons (PET scan);
- Cintilografia óssea.
Caso o câncer seja detectado, a paciente também será acompanhada por um oncologista e iniciará um protocolo de tratamento personalizado.