Olá,
Todos os dias em meu consultório, atuando como ginecologista, recebo um monte de perguntas. Algumas delas se repetem, são feitas com frequência por diversas mulheres, nas mais diferentes fases e que desfrutam de estilos de vida também diversos.
Uma das dúvidas mais recorrentes, ainda em 2021, é “devo casar virgem ou não?”. Em boa parte das situações, a pergunta é feita por mulheres religiosas ligadas às tradições cristãs. Mas esta também é uma dúvida que habita a mente de pessoas não-religiosas mas que vivem cercadas por um ambiente mais conservador e de alguma forma se sentem cobradas ou com receio de serem vistas como “impuras” ou “desvalorizadas”.
Antes de responder essa pergunta, precisamos entender o significado da palavra “virgindade”. De acordo com o dicionário Michaellis, virgindade é estado ou condição de quem é virgem; a condição do que está mantido intacto; postura que revela castidade e estado de quem se encontra sem atividade sexual. Mas e na prática, será que o conceito funciona assim?
Muitas pessoas pensam ou sustentam que se casaram virgens, mas estão redondamente enganadas. O que dizer de um casal que fez de tudo, mas não consumou o sexo com a penetração? Claro que não são mais virgens! Seria uma bela hipocrisia dizer o contrário.
Agora, observe essa frase bem conhecida:
“O homem e a mulher deixam pai e mãe para se tornar uma só carne, e o sexo é a consumação desta união (casamento).” Lembre dessa frase porque ela é importante.
O grande problema é que o ser humano deturpou essa forma de expressão de amor. Ao longo do tempo, o sexo se tornou banal, usado, muitas vezes, apenas para satisfação pessoal ou visto exclusivamente com a finalidade da procriação. Dois extremos e muito pouca verdade! O fato é:
- Casar é formar família – independente de contrato ou religião;
- Transar é uma escolha.
Simples assim!
Para refletir
Cole duas folhas de papel uma na outra. Espere um tempo e tente separá-las. Com certeza não sairão inteiras e nunca mais voltarão a ser como eram antes. Isso é o que acontece quando fazemos sexo com alguém. Um pedacinho de nós fica com aquela pessoa e um pedacinho dela fica em nós. E cada vez que mudar de parceiro(a), mais pedaços serão trocados. Você acredita que isso pode interferir no seu relacionamento definitivo? Acharia melhor se os dois começassem um casamento limpos e puros? Prefere o caminho da moderação, da entrega, da castidade ou do celibato? Somente você pode responder a estas questões mais subjetivas que muitas vezes levam em consideração religião, espiritualidade, ideologias, dogmas e crenças. E não tem nada de errado com isso!
Por outro lado, já ouvi algumas vezes, no consultório, a seguinte frase: se eu não transar antes de casar, como vou saber se ele(a) é mesmo bom(a) de cama e se vamos ter afinidades sob esse aspecto? Ora, quando um casal se ama de verdade e procura ter intimidade sexual, desejando sempre o bem do outro, o sexo fica cada dia melhor! Pode até começar ruim, mas conversando sobre o que gostam ou não, sugerindo novas posições e carinhos, vão se aperfeiçoando e JUNTOS descobrem qual a melhor forma para ambos. Não existe fórmula ou receita para um bom sexo. Cada casal deve encontrar a sua, e isso é gerado a partir do amor, do diálogo e da intimidade.
Na minha opinião, a pergunta correta não é “Devo ou não casar virgem?” e sim “Estou pronta para minha primeira transa?”
Dentro desse contexto, destaco pontos relevantes a serem observados:
- Estou consciente desse momento importante?
- Tenho confiança de que esta é a pessoa certa para esse momento importante?
- Estou respeitando minha vontade, meu desejo e meu corpo?
- Usarei preservativo (camisinha) em minha primeira relação sexual com penetração ?
- Estou utilizando métodos contraceptivos de forma adequada, prescrito por um ginecologista (caso não queira engravidar agora)?
Se todas as respostas para as perguntas acima forem “SIM”, está bem atenta e sendo responsável consigo e com a outra pessoa.
Antes de ter sua primeira relação sexual procure um(a) ginecologista. Ele(a) é o profissional mais adequado para orientar e tirar possíveis dúvidas atreladas a essa questão. O(A) médico(a) responsável pela saúde feminina está plenamente habilitado para guiar na escolha do melhor método contraceptivo para você.
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